Carmem Lucia Chaves de Brito, mais conhecida como Ucha, foi reeleita presidente da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) para o período de 2024 a 2025, consolidando seu quarto mandato à frente da entidade. Ucha, que já presidiu a BSCA em 2017 e 2019, assume a liderança com o objetivo de continuar a promover o café brasileiro como um dos melhores e mais sustentáveis do mundo, além de fortalecer as práticas de governança e os critérios ESG (ambientais, sociais e de governança) dentro do setor.
Durante sua gestão, a presidente destaca a importância de aumentar a presença do café especial brasileiro em mercados emergentes, como a China e a Índia, e de expandir o consumo interno, atraindo novas gerações, como jovens e mulheres, para o universo dos cafés especiais. A BSCA tem se tornado uma plataforma cada vez mais inclusiva e integrada, com o intuito de unir todos os setores da cadeia produtiva do café, desde os produtores até os baristas e consumidores.
Ucha e os desafios para a cafeicultura brasileira
Em sua trajetória à frente da BSCA, Ucha tem acompanhado a evolução do mercado de cafés especiais, que no Brasil tem apresentado crescimento notável. Há cerca de 17 anos, o Brasil produzia cerca de 200 mil sacas de café especial; atualmente, esse número saltou para impressionantes 8 milhões de sacas. A expansão desse mercado é reflexo de um movimento crescente de valorização da qualidade e sustentabilidade, que, segundo Ucha, deve continuar a ser um pilar da gestão da BSCA.
A presidente também enfatiza a relevância das mulheres na cafeicultura, observando que, nas últimas décadas, houve um avanço considerável na presença feminina no setor. Nesse contexto, a BSCA tem trabalhado para dar visibilidade a esse público, implementando projetos específicos para aumentar a participação das mulheres na cafeicultura brasileira. Além disso, Ucha planeja intensificar o apoio às diversas microrregiões produtoras de café no Brasil e expandir a atuação da associação para incluir os produtores de cafés robusta e conilon.
O papel da inovação e sustentabilidade na produção de cafés especiais
A BSCA, sob a liderança de Ucha, tem como uma de suas principais bandeiras a sustentabilidade. Para a presidente, a produção de cafés especiais no Brasil não pode se dissociar da responsabilidade socioambiental. Ela destaca que a cafeicultura brasileira é uma das mais tecnificadas do mundo, com leis trabalhistas rigorosas e um compromisso crescente com a preservação ambiental.
A BSCA tem incentivado seus membros a adotarem práticas agrícolas sustentáveis, fundamentais para garantir a qualidade e a consistência do café especial. A produção brasileira tem se destacado globalmente por combinar qualidade superior com práticas agrícolas responsáveis, e esse modelo tem se mostrado um diferencial no mercado internacional, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, que são os principais consumidores de café de alta qualidade.
Além disso, a rastreabilidade e a certificação do café são pontos de atenção para a BSCA. Ucha enfatiza a necessidade de encontrar soluções mais ágeis e eficientes para o processo de certificação, a fim de atender tanto grandes produtores quanto microtorrefações e nanolotes de café. A ideia é garantir que todos os cafés especiais produzidos no Brasil possam ser reconhecidos pelo selo da BSCA, assegurando qualidade e autenticidade para os consumidores, tanto no mercado interno quanto no externo.
Expansão dos mercados consumidores: China e Índia como novas fronteiras
Os mercados emergentes, como China, Índia e o mundo árabe, são vistas como grandes apostas para o crescimento dos cafés especiais brasileiros. Ucha ressalta que a China, em particular, apresenta um grande potencial, mas também exige uma abordagem estratégica diferenciada. A presidente da BSCA observa que o mercado chinês, assim como outros mercados asiáticos, está começando a compreender o valor do café especial, mas com uma visão muito particular, que precisa ser respeitada e trabalhada.
Para consolidar a presença brasileira nesses mercados, a BSCA está desenvolvendo ações específicas, como treinamentos para importadores e consumidores locais, além de adaptar as estratégias de marketing e comunicação para atrair esse público exigente. A interação com esses novos consumidores é uma parte crucial da estratégia da BSCA, que busca entender as particularidades de cada mercado para garantir que o café brasileiro seja apreciado em sua plenitude.
O futuro do mercado interno de cafés especiais no Brasil
Embora o Brasil seja um dos maiores produtores de café especial do mundo, o consumo interno ainda é um desafio a ser superado. Muitos brasileiros ainda confundem café gourmet com café especial, e a BSCA tem trabalhado para esclarecer essas diferenças Ucha destaca que, apesar de o mercado interno ser um dos maiores consumidores de café do mundo, a percepção sobre o café especial precisa ser melhorada, e o trabalho de educação do consumidor é fundamental para expandir o consumo de cafés de qualidade no país.
Em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), a BSCA busca promover uma maior valorização do café brasileiro no mercado doméstico. A ideia é que, além de exportar para o exterior, o Brasil também se reconecte com sua própria produção de cafés especiais, criando um mercado interno mais sólido e maduro.
Rumo a um Brasil mais sustentável e consciente na cafeicultura
De acordo com entrevista dada ao portal Café Point, Ucha tem o sonho é ver o Brasil reconhecendo e valorizando sua própria cafeicultura, entendendo a importância da produção de cafés especiais como uma atividade que vai além da simples produção de um grão, mas sim como um fator econômico e social relevante para o país. A presidente sonha com um Brasil que conheça a sua própria história e que valorize o trabalho dos produtores de café, especialmente os pequenos e médios, que são a base da produção nacional.
Além disso, Ucha aposta na construção de uma narrativa sólida e inspiradora sobre o café brasileiro, com o objetivo de sensibilizar os consumidores internos sobre a qualidade e o impacto social e ambiental do café especial. Ela vê com otimismo o futuro do setor, acreditando que, com o fortalecimento das práticas sustentáveis e a adoção de tecnologias inovadoras, o Brasil tem tudo para continuar sendo um líder mundial na produção de cafés especiais.
Um setor em constante evolução
A reeleição de Carmem Lucia Chaves de Brito para a presidência da BSCA é um reflexo de sua liderança visionária e do compromisso com a inovação e a sustentabilidade no setor de cafés especiais. Sob sua direção, a associação segue firme em seu propósito de colocar o Brasil na vanguarda da produção e consumo de cafés de alta qualidade. Com um olhar atento às necessidades dos mercados internacionais e um foco na educação e valorização do mercado interno, Ucha e a BSCA continuam a ser agentes transformadores na cafeicultura brasileira, levando o café especial nacional para um futuro cada vez mais promissor.
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