Produtores rurais de Mato Grosso recebem incentivos para disseminar a cultura do café, nas terras que já são responsáveis pela maior produção de grãos (soja e milho) do Brasil
Produtores rurais de Mato Grosso recebem incentivos para disseminar a cultura do café, nas terras que já são responsáveis pela maior produção de grãos (soja e milho) do Brasil. Afinal, somos o segundo país que mais consome a bebida no mundo, perdendo somente para os Estados Unidos. Realmente, é difícil quem não resista a um cafezinho, não é mesmo?
E pensando em expandir essa cultura em Mato Grosso, a Secretaria Estadual de Agricultura Familiar conta com apoio de pesquisadores da EMPAER de Mato Grosso e da EMBRAPA de Rondônia. “A proposta do experimento é validar 52 clones de Coffea canephora, e está sendo implantada nas regiões Médio Norte e Noroeste do Estado”, salienta a doutora em agronomia Dalilhia Santos. Sobre as condições climáticas, a pesquisadora acredita que as plantas em experimentos possuem adaptação ao nosso calor e solo, pois a espécie é originária do Congo (continente africano) região de baixa altitude e elevada temperatura.
A pesquisadora Dalilhia destaca ainda que as plantas domesticadas passam por processos de melhoramento genético, por melhoristas, ou seleção por cafeicultores. Quando atingem as características agrícolas almejadas podem ser clonadas (copiadas geneticamente). “Estamos utilizando essas plantas melhoradas de Coffea canephora, para mensurar a superioridade agronômica delas nas condições de clima e solo mato-grossense” destacou Dalilhia.
A proposta do governo é que Mato Grosso tenha maior participação no mercado cafeeiro, para isso, vai investir R$ 5 milhões em programa para alavancar o cultivo do café, junto aos agricultores familiares, diante do aumento do consumo por parte dos brasileiros e estrangeiros.
Denominado MT Produtivo Café, o programa vai atender agricultores familiares de 33 municípios e a meta é distribuir 500 mil mudas de café clonal para produtores selecionados. Hoje a média de produtividade chega a 20 sacas de café por hectare. Com o plantio do café clonal a expectativa é atingir uma produtividade média de 70 sacas/hectare.
Um dos agricultores que aderiu ao programa é o André Francisco de Souza, de 40 anos. Ele deixou Rondônia há 9 anos para plantar café robusta em Colniza, cidade ao noroeste de Mato Grosso e que há mais de 10 anos figura como o município que mais produz café do Estado. No início ele começou plantando o grão em 2,5 hectares. Hoje essa área mais que dobrou e está em 8 hectares. Junto com a participação da esposa e dos dois filhos, André Souza faz o processo completo da cadeia produtiva do café: produz as mudas, planta, colhe, seca e torra o grão. A produção sai da propriedade já embalada, com destino ao comércio local e cidades vizinhas. “Como tudo que produz é vendido e percebendo que o consumo do café tem aumentado nos últimos anos, nossa expectativa é que nos próximos anos a nossa produção própria aumente ainda mais”, destacou André.
O plantio experimento ocorreu no início deste ano e a proposta é “após cientificamente sabermos quais dos 52 clones são promissores para Mato Grosso, em quesitos como produtividade, qualidade de bebida, tolerância a pragas e doenças, poderemos alavancar o incentivo ao plantio do café e dar maior seguridade à cafeicultura no Estado”, conclui Dalilhia Santos, pesquisadora da EMPAER.
O Brasil é hoje o maior produtor de Café com cerca de 30% da produção mundial e maior exportador, cerca de 40 milhões de sacas em 2020.
O café arábica (originário da Etiópia), que se adapta bem ao solo e clima dos estados de Minas Gerais, São Paulo, e regiões alta da Bahia, Espirito Santo e Distrito Federal, é o mais produzido em nosso país, sendo que a previsão para este anos é de 32 milhões de sacas, contra 14 milhões de sacas de café robusta (mais amargo e marcante). Já o arábica se destaca pela complexidade de aromas ao sabor mais adocicado, possui 50% menos cafeína que o concorrente robusta. Dentre as mais de cem espécies de café existentes no mundo, os grãos da arábica e robusta são as mais comercializadas.
Fonte: AGRONEWS
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