A data de validade que vem gravada no pacote do café não corresponde, necessariamente, à realidade da vida útil da bebida. Normalmente, levamos a validade descrita em rótulos como verdade absoluta. Porém, no caso do café, nem sempre a mesma lógica é seguida e por isso há tanta variedade: três, quatro, seis, 12 e até 18 meses. Assim que é moído, o grão inicia um processo natural de oxidação, o que interfere na verdadeira validade da bebida.
Em outras palavras: após a moagem, o grão já começa a perder seus óleos essenciais. Consequentemente, o café empacotado e moído nas gôndolas dos supermercados não tem a mesma qualidade justamente porque o que sobra dele são os hidrossolúveis, como a cafeína, por exemplo. Além disso, a cafeína extraída em excesso deixa o café mais amargo. Dessa forma, a data de validade, que serviria para nos orientar ao consumo, não serve de parâmetro. O café realmente bom precisa ser moído e consumido na hora. Por isso, moer seu próprio café faz tanta diferença no sabor e na qualidade da bebida.
TORRA
Mas há outro fator muito preponderante para os cafés especiais em grãos: a data da torra, que é mais importante que a de validade e mostra realmente o quão o café está fresco. Para uma experiência melhor com as características das notas sensoriais e a intensidade do aroma, o consumo deve ser entre três e quatro meses. No entanto, depois de aberto, o consumo deve ser, de preferência, entre duas (quando estiver moído) a quatro semanas (em grãos) da data da torra. Não é necessariamente uma regra, mas quanto mais fresco, melhor. Um mero detalhe a título de curiosidade: após torrado, o café deve descansar pelo menos entre quatro a oito dias.
Em geral, o café em si não é um produto que pode desenvolver mofo ou atrair microrganismos com facilidade. E, certamente, tomar um café vencido não afetará sua saúde. O inimigo mesmo é a oxidação, pois o processo da perda aromática e sensorial é iniciado após o contato com o oxigênio. Por isso, também é importante manter as embalagens originais, que ajudam na conservação, em especial as equipadas com uma válvula de ar (desgaseificação / unidirecional). Além de não permitir a entrada de oxigênio, a válvula possibilita que gases provenientes da torra sejam expelidos, mantendo seu café com um frescor maior.
MOEDOR
Dica final: invista em um moedor. Existem vários tipos – entre manuais e automáticos − a preços bem acessíveis. Mesmo que seja os de lâmina, vale a pena moer o café na hora em vez tomar um moído há semanas. Você irá perceber nitidamente a diferença, principalmente no aroma que vai deixar sua cozinha com um “perfume” inigualável.
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